Tuesday, 28 June 2011

Cookies!


































I baked these cookies as a request of my boyfriend! He has been asking for quite a while, but I never actually got in the mood to bake them. Well, he's happy now, even though he knows I'll most certainly have more cookies than him  =)
The recipe is from this book.

Chocolate chip cookies
Ingredients
100g caster sugar
100g margarine
1 egg
175g plain flour
175g chocolate chips
1/2 teaspoon vanilla essence

Method
Preheat the oven to 180ºC. 
Beat the sugar with the margarine until it becomes creamy. Whisk the egg, add the vanilla essence and mix well with the sugar cream.
Sift the flour, add it to the previous mixture and mixing well. Stir in 100g of the chocolate chips. 
Put a tablespoon of the mixture onto a greased baking tray, and flatten each cookie with the back of a fork (make sure to allow enough space between the cookies as they will grow quite a lot in width), and sprinkle with the remaining chocolate chips.
Put in the oven and bake for 10 to 15 minutes, or until they turn golden and slightly soft in the middle. Remove from oven and leave to rest for about 5 minutes before removing from tray.


Fiz estes biscoitos a pedido do meu namorado! Já há algum tempo que ele me anda a pedir, mas não me tem apetecido faze-los. Bem, ele agora está mais feliz, mesmo sabendo que eu vou certamente comer bem mais biscoitos do que ele =)
A receita é deste
livro.

Biscoitos de chocolate
Ingredientes
100g de açúcar fino
100g de margarina
1 ovo
175g de farinha
175g de pepitas de chocolate
1/2 de aroma de baunilha

Preparação
Pré-aquece o forno a 180ºC.
Bate o açúcar com a margarina até ficar com um aspecto cremoso. Bate o ovo, adiciona o aroma de baunilha e mistura bem com o creme do açúcar.
Peneira a farinha e adiciona à mistura anterior mexendo bem. Adiciona cerca de 100g de pepitas de chocolate.
Coloca uma colher de sopa da mistura num tabuleiro untado com manteiga, e com as costas de um garfo espalma cada bolacha (atenção para deixares espaço suficiente entre as bolachas, uma vez que crescem bastante em largura), e polvilha com as restantes pepitas de chocolate.
Coloca no forno por 10 a 15 minutos ou até ficarem douradas e ligeiramente macias no meio. Retira do forno e deixa descansar por uns 5 minutos antes de remover do tabuleiro.

Monday, 20 June 2011

Home
















































Although I live in a different country than the rest of my family I am lucky enough to be able to go home quite often. In fact, I usually go home every couple of months and stay for the weekend. Well, it's actually never a full weekend. I usually fly there on Friday and come back on Sunday morning, so technically, I only stay there one whole day.
The flight is only 2.30 hours which is quite good, but because my journey also includes getting a train, a taxi, a coach and my mum or dad's ride home it ends up taking a lot of time from my weekend and can be quite tiring but it's always worth it.

This time my siblings were all at home which doesn't always happen! The sun was shinning and it was warm (which for someone who lives in this cold and grey country which is England, it felt pretty good!) so on Saturday we went for a coffee together and then for a walk in the park and trough the city where I took these photographs.


Embora more num país diferente do resto da minha família tenho a sorte de poder ir a casa com frequência. De facto, costumo ir a casa de dois em dois meses para passar o fim de semana. Bem, para falar verdade nunca é realmente um fim de semana completo. Costumo apanhar o avião na sexta-feira e voltar no domingo de manhã, por isso, tecnicamente só passo mesmo um dia completo.
O voo é só de 2.30 horas o que não é nada mau, mas como a viagem também inclui apanhar um comboio, um táxi, um autocarro e a boleia da minha mãe ou do meu pai para casa, acabo por perder grande parte do fim de semana nisto, e às vezes torna-se cansativo, mas vale sempre a pena.

Desta vez os meus irmãos estiveram todos em casa o que não acontece sempre! Estava um dia de sol quente (o que, para alguém que vive nesta terra cinzenta e fria que é a Inglaterra, soube mesmo bem!) e então no sábado fomos juntos beber café e passeamos pelas ruas da cidade e pelo parque, onde tirei estas fotografias.

Thursday, 16 June 2011

The so-many-colours quilt!




This is the quilt I finished last weekend. I have had this quilt front ready for a long time but haven't had the time to finish it. Finally last weekend I had the chance to get it all done!

I usually throw my quilts in the washing machine straight after they're done. I like the crinkle effect from the shrinkage after washing, specially on free motion quilting. I also love the freshly cleaned feel to it and the smell of the conditioner, and that's why I didn't show any images of this quilt on my other post and only now had the chance to photograph it. I had to do this inside as (as usual!), it was raining. I got my boyfriend to hold the quilt while I photographed. He's always very helpful :P



Este é o
quilt que terminei no fim de semana passado. tinha a frente deste quilt pronta imenso tempo mas nunca mais tive tempo para o acabar. Finalmente este fim de semana tive a oportunidade de o deixar pronto!

Eu
costumo meter os meus quilts dentro da máquina de lavar logo que os acabo. Gosto do aspecto enrugado devido ao encolhimento após a lavagem, especialmente em
quilting livre. Também adoro aquela sensação de acabadinho de lavar e o cheiro do amaciador, é por isso que não mostrei imagens no meu outro post e agora tive a oportunidade de o fotografar. Tive de o fazer dentro de casa uma vez que (como de costume!), estava a chover. Pus o meu namorado a segurar o quilt enquanto eu fotografava. Ele é sempre muito prestativo :P

Monday, 13 June 2011

One day for poetry

Ao fazer pesquisa no google.pt apercebi-me que Fernando Pessoa faria hoje 123 anos se estivesse vivo. A google homenageia assim o Poeta (imagem em baixo), e também por isso vos deixo um dos seus poemas.

 

While doing some research on google.pt I realised Fernando Pessoa would be 123 years old today, if he was still alive. Google pays tribute to the portuguese poet (image below), and also for that reason I leave you one of his poems.


"Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?

O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.

Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu."

                                                            by Fernando Pessoa /Álvaro de Campos


"Tobacco shop

I am nothing
I shall never be anything
I cannot wish to be anything.
Aside from that, I have within me all the dreams of the world.

Windows of my room,
The room of one of the world’s millions nobody knows about
(And if they knew about me, what would they know?)
Open onto the mystery of a street continually crossed by people,
To a street inaccessible to any thought,
Real, impossibly real, certain, unknowingly certain,
With the mystery of things beneath the stones and beings,
With death making the walls damp and the hair of men white,
With the Destiny driving the wagon of everything down the road of nothing.

Today I am defeated, as if I knew the truth.
Today I am clear-minded, as if I were about to die
And had no more kinship with things
Than a goodbye, this building and this side of the street becoming
A long row of train cars, departing at the sound of a whistle
Blowing from inside my head,
And a jolt of my nerves and a creak of bones as we go.

Today I am bewildered, as one who wondered and discovered and forgot.
Today I am divided between the loyalty I owe
To the outward reality of the Tobacco s
hop across the street
And to the inward real feeling that everything is but a dream.

I failed everything.
Since I had no aims, maybe everything was indeed nothing.
What I was taught,
I climbed out of that, down from the window at the back of the house.
I went to the countryside with grand plans,
But all I found in it was grass and trees,
And when there were people, they were just like the others.
I step back from the window and sit in a chair. What should I think about now?
What do I know of what I shall be, I who do not know what I am?
Be what I think I am? But I think of so many things!
And there are so many who think to be the same things - there can't be that many!
Genius? At this moment
A hundred thousand minds dream themselves geniuses like I do,
And history will not register, who knows? not even one,
Not will it remain but manure from so many future conquests.

No, I do not believe in myself.
In every mental asylum there are mad deranged people with so many certainties!
I, who do not have any certainties, and more or less right?
No, not even in myself...
In how many garrets and non-garrets of the world
Are not there geniuses dreaming unto themselves?
How many aspirations high and noble and lucid -
Yes, truly high, noble and lucid -
And, who knows, maybe accomplishable,
Will never see the light of the real sun, nor be heard by human ears?

The world is for those born to conquer it
And not for those who dream they can conquer it, even though they may be right.
I have dreamt more than Napoleon accomplished;
I have clasped to my hypothetical heart more humanities than Christ;
I contrived philosophies in secret no Kant has ever wrote.
But I am, and maybe I shall always be, the one in the garret,
Although I don’t live in it;
I shall always be the one who was not born for that;
I shall always be the one who just had qualities;
I shall always be the one who has waited for a gate to open next to a wall without a door
And sang the song of the infinite in a poultry-yard,
And heard the god of God inside a plugged well.

Believe in myself? No, nor in anything.
May Nature pour over my ardent head
Its sun; its rain, the wind that finds my hair.
And the rest that may come if it comes, or if it has to come, or if it has not.
Cardiac slaves to the stars,
We conquer the world even before we rise from bed;
But we wake up and it is opaque,
We get up and it is alien,
We go out and it is the whole Earth,
Plus the Solar System and the Milky Way and the Indefinite.

Believe in myself? No, nor in anything.
May Nature pour over my ardent head
Its sun; its rain, the wind that finds my hair.
And the rest that may come if it comes, or if it has to come, or if it has not.
Cardiac slaves to the stars,
We conquer the world even before we rise from bed;
But we wake up and it is opaque,
We get up and it is alien,
We go out and it is the whole Earth,
Plus the Solar System and the Milky Way and the Indefinite.

But at least it remains from the sorrow of what I shall never be
The rapid calligraphy of these verses,
Collapsed portico to the Impossible.
But at least I confer upon myself a tearless contempt,
Noble at least in the grand gesture with which
I throw the dirty laundry that is me, in a washing-list, unto the course of things,
And stay home shirtless.

(You who comfort, who do not exist and therefore comfort,
Either Greek godess, conceived as a living statue,
Or else Roman patrician, impossibly noble and baneful,
Or princess sung by troubadours, most charming and colourful,
Or eighteenth century marquise, décolletée and distant,
Or celebrated courtesan from the time of our parents,
Or modern whatever- I don’t really know what-
All that, whatever you may be, inspire if you can!

My heart is a bucket that was emptied.
As those who invoke spirits, summon spirits I summon
Myself and find nothing.
I go to the window and see the street with absolute sharpness.
I see the shops, I see the street-walks, I see the passing cars,
I see the clothed living beings who cross each other,
I see the dogs which also exist,
And all this weighs on me as a sentence of exile,
And all this is alien, as is everything

I lived, studied, loved and even believed,
And today, there is no beggar I do not envy simply because he is not me.
I consider in each one the rags and the sores and the lie,
And I muse: maybe you never lived, or studied, or loved, or believed
(because it is possible to construct the reality of it all without actually doing any of that);
Maybe you merely existed, like a lizard to which the tail is cut off
And which is tail a-twisting this side of the lizard.

I made of myself what I did not know how,
And what I could have made of myself I failed to do.
The domino costume that I wore was all wrong
And I was immediately recognized as someone I was not and I did not deny it, and was lost.
When I tried to take off the mask,
It was stuck to my face.
When I took it off and looked myself in the mirror,
I had already grown old.
I was drunk, and I no longer knew how to put on the costume that I had not taken off.
I threw the mask away and slept in the dressing room
Like a dog tolerated by the management
Because it is harmless.
And I am going to write this story to prove that I am sublime. .

Musical essence of my useless verses,
If only I could face you as something I had made
Instead of always facing the Tobacco Shop across the street,
Treading at my feet the consciousness of existing,
Like a rug a drunkard stumbles on
Or a doormat stolen by gypsies and not worth a thing.

But the Tobacco Shop owner has come to the door and is standing there.
I look at him with the discomfort of an half-turned head
Compounded by the discomfort of an half-grasping soul.
He shall die and I shall die.
He shall leave his signboard and I shall leave my poems.
His sign will also eventually die, and so will my poems.
Eventually the street where the sign was will die,
And so will the language in which the poems were written.
Then the whirling planet where all of this happened will die.
On other satellites of other systems some semblance of people
Will go on making things like poems and living under things like signs,
Always one thing facing the other,
Always one thing as useless as the other,
Always the impossible as stupid as reality,
Always the mystery of the bottom as true as the shadow of mystery of the top.
Always this thing or always some other, or neither one nor the other.
But a man has entered the Tobacco Shop (to buy tobacco?),
And plausible reality suddenly hits me.
I half rise to my feet -energetic, sure of myself, human-
And I will try to write these verses in which I say the opposite.
I light up a cigarette as I think about writing them,
And in that cigarette I savor a freedom from all thoughts.
I follow the smoke as if it were my own trail,
And enjoy, for a sensitive and adequate moment
The liberation from all speculation
And the awareness that metaphysics is a consequence of not feeling well.

Afterwards I lean back in the chair
And keep smoking.
As long as Destiny allows, I will keep smoking.
(If I married my washwoman's daughter
I might conceivably be happy.)
Given this, I rise and go to the window.
The man has come out of the Tobacco Shop (putting change into his pocket?).
Ah, I know him: he is Esteves without methaphysics.
(The Tobacco Shop owner has come to the door.)
As if by a divine instinct, Esteves turned around and saw me.
He waved hello, I shouted back "Hello there, Esteves!" and the universe
Reconstructed itself to me, without ideals or hope, and the owner of the Tobacco Shop smiled."
                                   
                                                          by Fernando Pessoa /Álvaro de Campos



(Note: There are a couple of different translations of this poem but although they are good they may still not do the poem justice.)

Sunday, 12 June 2011

Rainy weekend

I barely left the flat this weekend. Outside the rain didn't stop falling and I confess that sometimes I like days like this, cold and rainy. It feels nice to stay in all cosy watching films on the TV, and in fact this was all I needed. After a hectic weekend last week I really needed some time to relax. I slept, and slept, and slept... I took the opportunity to organise a few things, finished a quilt (photos later) and baked a cake.
I think I'm ready now to start a new week :P

I leave you my mum's orange cake recipe. It's a simple, easy and quick recipe and it goes really well with a warm cup of tea but if you prefer a moist cake this one isn't for you.
It brings me back memories of my childhood. My mother used to bake cakes like this one often, especially on Sundays, when we used to spend the afternoons all together watching films on TV. We'd eat the whole cake in minutes :)


Mal sai de casa este fim de semana.  Lá fora a chuva não parou de cair o dia todo e confesso que às vezes adoro dias assim, frios e chuvosos. Sabe bem ficar dentro de casa aconchegada no sofá a ver filmes na televisão, e de facto era mesmo disso que estava a precisar. Depois do fim de semana passado bem cheio, estava mesmo a precisar de um fim de semana bem relaxado para recuperar energias. Dormi, dormi e dormi... aproveitei para fazer arrumações, acabei um quilt (fotografias mais tarde) e fiz um bolo.
Acho que agora estou preparada para começar a semana :P

Deixo-vos a receita do bolo de laranja da minha mãe. É um bolo simples, fácil, rápido e sabe muito bem com um chá quente, mas se gostas de bolos mais húmidos este não é para ti. 
Traz-me memórias de quando era pequena. A minha mãe fazia bolos do género com frequência especialmente ao domingo, quando passávamos as tardes todos juntos a ver filmes na televisão. Devorávamos o bolo todo em minutos :) 



Orange Cake

6 eggs
1 cup sugar
1 1/2 cup flour
Baking powder
Zest of 1 orange
Juice of 2 oranges

Beat the egg yolks with the sugar until it becomes creamy with a light colour. Add the flour sifted with the baking powder alternating with the egg whites beat to stiff peaks. Add the orange zest and juice. 
Pour the mixture in a baking tin (greased with butter and sprinkled with flour) and put in the oven preheated to about 200º for approximately 35 minutes. A toothpick inserted should come out clean. 
Turn out and it's ready to serve.


Bolo de Laranja

6 ovos
1 chávena de açúcar
1 1/2 chávena de farinha
Fermento em pó
Raspa de 1 laranja
Sumo de 2 laranjas

Bate o açúcar com as gemas até obteres um creme homogéneo de cor mais clara. Adiciona a farinha peneirada com o fermento em pó e as claras em castelo alternadamente. Junta a raspa e sumo de laranja.
Coloca a mistura numa forma untada com manteiga e polvilhada com farinha e leva ao forno pré-aquecido a cerca de 200º, por aproximadamente 35 minutos. Um palito inserido deve sair limpo. 
Desenforma e está pronto a servir. 

Saturday, 11 June 2011

Uncover Ostomy


The girl in the pictures is Jess, the face of Uncover Ostomy, an online awareness campaign that stimulates a positive ostomy discussion.
Jess is a 21-year-old Canadian university student that leads a perfectly normal life. She suffers from Crohn's disease and has lived with an ostomy since she was 13. The campaign features a series of pictures that reveal her ostomy. She also writes a blog about herself that intends to show how normal life with a pouch can be.

We are used to talk about a variety of illnesses with no problem but when it comes to illnesses involving the bowel such as IBD (Inflammatory Bowel Disease), in which one of the most common symptoms is diarrhea, things change. We get too embarrassed and uncomfortable. Things get even worse when such illnesses get so bad that the only solution is to remove part or the whole bowel and have a stoma.

I remember the first time I was told I needed surgery.
About 6 years ago, a month after moving to England, I ended up in the hospital with a severe flare up. A high dose of steroids had no effect and I was still going to the loo over 20 times a day! I felt weak and tired and lost about 10kg. Eventually a surgeon came to talk to me. Then the stoma nurse came and made a mark on my tummy where the stoma would be. I cried in silence for two days. I felt desperate, scared, angry... I couldn't believe I was going to have to poo in a bag. I couldn't imagine how my life would be like from then on. I thought I would never be able to go to the beach again, or even to wear my normal clothes or how could I ever be intimate with someone, and so on. I knew only the little information the stoma nurse had given me, but that wasn't enough. That is why awareness campaigns like this one are so amazing. We need to be able to talk about it without embarrassment. We need to know what an ostomy is and how life can be as normal as before, so when people have to go through the difficult times that are illnesses they feel they are supported by family, friends and society in general. So then they know that everybody knows that having an ostomy is in fact not a big deal.

I didn't had the surgery back then. Steroids suddenly began to work and I felt relieved and so, so happy...only to have my colon removed 5 years later. This time I was better prepared and although I no longer have an ileostomy I lived with one for over a year. The worries I had the first time surgery was mentioned now sounded silly.
Yes, I had about half an inch of my small bowel coming out of my tummy and a bag attached to collect waste. There was no smell except when emptying in the toilet (no one's poo smells like roses right?!), I was still wearing my normal clothes, skinny jeans and some fitted tops, I put a swimming suit on and went swimming, I ate pretty much everything I felt like and drunk alcohol and the bag didn't come in the way of intimacy.
Obviously I don't mean to say that everything is a piece of cake, because that wouldn't be true. Recovering from surgery takes its time and can be very difficult but it's usually worth it. After all it's major surgery and it's a big change to the body. You need time to adjust physically and emotionally.
I used to find the whole routine of changing the bag every morning very boring, but we do get used to so many routines, this is just one more. I also tend to get more dehydrated than normal, as I no longer have the colon to absorb water back into my body; I need to make sure I drink plenty of water throughout the day. There may be other little things to have in consideration when living with an ostomy (be it a colostomy, an ileostomy or a urostomy) but once you're back being healthy again you don't care if you may have to moderate the amount of juice you have in one go and other things like that.

Have a look at Uncover Ostomy even if you don't have an ostomy and don't know anyone with one. If you can, share it. :)

 
A rapariga das fotografias chama-se Jess e é a cara de Uncover Ostomy uma campanha de sensibilização online que incentiva uma discussão positiva sobre ostomias.
A Jess tem 21 anos, é canadiana, estudante universitária e leva uma vida perfeitamente normal. Ela sofre da doença de Crohn e vive com uma ostomia desde os 13 anos. A campanha mostra uma série de fotografias que revelam a sua ostomia e também um blog sobre ela própria com o objectivo de mostrar que a vida com uma ostomia pode ser muito normal.

Estamos habituados a falar sobre várias doenças sem problema algum, mas quando se trata de doenças do intestino tais como as DII (Doenças Inflamatórias do Intestino), em que um dos sintomas mais comuns é a diarreia, as coisas mudam. Ficamos embaraçados e desconfortáveis. A coisa ainda se torna mais grave quando estas doenças pioram de tal forma que a única solução é remover parte ou até mesmo o intestino todo e ficar com um estoma.

Lembro-me bem da primeira vez que me disseram que eu precisava de ser operada.
Há cerca de 6 anos atrás, um mês depois de me mudar para Inglaterra, acabei por ir parar ao hospital com uma crise grave. Uma dose alta de cortisona não fez efeito e eu continuei a ir à casa de banho mais de 20 vezes por dia! Sentia-me fraca, cansada e perdi cerca de 10kg. Eventualmente, um cirurgião veio falar comigo. Depois veio a enfermeira estomaterapeuta que fez uma marca na minha barriga onde o estoma se ia localizar. Chorei em silêncio durante dois dias. Senti-me desesperada, assustada e com tanta raiva… Não conseguia acreditar que ia ter que fazer cocó para dentro de um saco. Não conseguia imaginar como seria a minha vida dali para a frente. Pensei que nunca mais ia poder ir à praia, ou até usar as minhas roupas normais, ou como é que alguma vez eu podia ter intimidade com alguém, e assim por diante. Só tinha a pouca informação que a enfermeira estomaterapeuta me tinha dado, mas não era suficiente. É por isso que campanhas de sensibilização como esta são tão fantásticas. Precisamos ser capazes de falar sobre o assunto sem constrangimento. Precisamos saber o que é uma ostomia e que a vida com uma ostomia pode ser tão normal como antes, então quando pessoas têm de passar pelos momentos difíceis que são as doenças, elas sentem que são apoiadas pela família, amigos e sociedade em geral. Então elas sabem que toda a gente sabe que ter uma ostomia não é de facto um bicho-de-sete-cabeças.

Não fui operada na altura. A cortisona começou a fazer efeito de repente e senti-me aliviada e tão contente, acabando por retirar o cólon 5 anos mais tarde. Desta vez estava mais bem preparada e apesar de já não ter uma ileostomia, vivi com uma por mais de um ano. As preocupações do passado agora pareciam sem importância.
Sim, tinha cerca de 1,5 cm do intestino delgado a sair pela minha barriga e um saco para recolher as fezes. Não havia cheiro exceto quando esvaziava na casa de banho (ninguém cheira a rosas, certo?!), continuei a usar as minhas roupas normais, skinny jeans e alguns topes justos, vesti um fato de banho e fui nadar, comi praticamente tudo o que me apeteceu e bebi álcool e o saco nunca atrapalhou na intimidade.
Obviamente que não pretendo dizer que tudo é fácil, porque isso não seria verdade. Recuperar de uma operação leva o seu tempo e pode ser muito difícil mas geralmente vale a pena. Afinal, é uma grande cirurgia e também uma grande alteração para o corpo. É preciso tempo para recuperar fisicamente e emocionalmente.
Eu costumava achar a rotina de mudar o saco todas as manhãs uma seca, mas habituamo-nos a tantas rotinas, esta é só mais uma. Também tenho tendência a ficar mais desidratada que o normal, uma vez que já não tenho o cólon para absorver água de volta para o organismo; tenho de ter atenção para beber água suficiente durante o dia. Talvez haja outras pequenas coisas a ter em consideração quando se vive com uma ostomia (seja uma colostomia, uma ileostomia ou uma urostomia) mas quando se volta a ter saúde deixamos de nos importar com coisas como moderar a quantidade de sumo que se bebe de uma vez só e outras coisas do género.

Dá uma olhada a Uncover Ostomy mesmo que não tenhas uma ostomia e não conheças ninguém com uma. Se puderes, partilha. :)

(Nota: Infelizmente a informação em português sobre ostomias e DII é escassa. Se puderes segue os links em inglês.)